Marido de ministra do Turismo demitido por não apoiar Lula – 28/01/2023 – Poder

Ex-funcionários da Prefeitura de Belford Roxo, no Rio de Janeiro, dizem que foram demitidos pelo prefeito Wagner Carneiro, conhecido como Waguinho (União Brasil), por se recusar a apoiar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno da eleição. É casado com a Ministra do Turismo Daniela Carneiro (União Brasil).

Pelo menos cinco ex-funcionários foram demitidos por Waguinho ou não recebem desde outubro por irem a comícios após o expediente contra a orientação de seus chefes ou por causa de conteúdo on-line.

Mostram planilhas com os dias trabalhados e impressos de newsgroups com alegações de participação em eventos políticos, indicando que outros amigos passariam pela mesma situação, mas tinham medo de falar com eles. Folha.

Daniela e Waguinho estão entre as poucas lideranças que apoiaram abertamente Lula na Baixada Fluminense. A indicação de Daniela, reeleita deputada federal, como recompensa por isso, além da forma de contemplar a União Brasil e ampliar a presença de mulheres no governo.

Eles fizeram campanha na cidade nas últimas três eleições, de 2018 a 2022, junto com pelo menos quatro acusados ​​de pertencer à milícia native, em um ambiente armado e hostil. Um deles é o condenado ex-primeiro-ministro de Juracy Alves Prudêncio, conhecido como Jura, cuja família mantém laços com o casal, como atesta, entre outras coisas, Folha. Outros dois permanecem como secretários municipais.

Após contato com a Prefeitura de Belford, Roxo disse que as demissões ocorreram porque a administração havia “criado uma nova estrutura administrativa já aprovada pela Câmara Municipal”. Ele também disse que “se algum funcionário público compareceu a um evento político de qualquer candidato, ele o fez de bom grado”.

Denúncias desse tipo de exigência já foram noticiadas pelo RJ2, da TV Globo, e também foram investigadas na campanha de 2018 da dupla, em julgamento arquivado, segundo o web site Metrópoles.

Segundo ex-funcionários que souberam da campanha de 2022, executivos de secretarias municipais fizeram listas de pessoas que compareceram aos comícios do então candidato, exigiram fotos nesses locais e monitoraram suas redes sociais. Houve também ameaças pessoais de demissão por telefone e mensagens de texto.

A professora Simone Paula Oliveira, 48 anos, conta que recebeu o último salário no dia 20 de setembro, antes do primeiro turno. Depois de lecionar durante todo o mês de outubro, ele nunca viu o dinheiro creditado em sua conta. Ele foi à prefeitura buscar, apenas para descobrir que seu contrato havia sido cancelado.

“Fui demitido porque apoiei [Jair] Eu e o Bolsonaro não fomos às reuniões que eles me obrigaram. Disseram: “Se não, o nome será registrado e ele será exonerado”, diz ela, que também trabalhou diretamente na secretaria de Waguinho de 2015 a 2020, quando ele foi deputado estadual e depois prefeito.

Outros quatro ex-funcionários que não quiseram se identificar contam os mesmos fatos ocorridos, além da pasta Educação, em Zdrowie.

Eles afirmam que não têm dúvidas de que foram rejeitados por suas opiniões políticas. Três deles afirmam que, em busca de respostas, ouviram de pessoas próximas ao presidente, inclusive que são seguidos nas redes sociais.

Em um grupo, um administrador escreveu em outubro: “Pessoalmente, peço a todos aqui do grupo que estejam presentes no centro de Belford Roxo amanhã, o grupo foi formado para apoiar a candidatura de Lula, infelizmente muitos dos que estão aqui não comparecem nossos eventos de grupo [sic]”.

“Quem puder, por favor, vamos mudar o perfil do telefone [sic]ela disse em outra mensagem, sob uma montagem com fotos de Waguinho e Lula.No outro dia, ela escreveu: “Sempre lembrando que ninguém é obrigado a ir, tem que ir de coração”.

Poucas horas depois da vitória de Lula, Waguinho subiu em uma tribuna na Praça Heliópolis, próximo ao centro da cidade, e falou: “[Os traidores] eles não viverão mais conosco. E se você conhece algum Judas, denuncie-o, pois quem não chorou conosco na batalha não pode sorrir conosco na vitória.”

Os entrevistados pela reportagem foram liberados antes de uma absolvição em massa pelo prefeito em um decreto de 31 de dezembro que estipula a saída de todos os funcionários temporários e permanentes do município.

Milhares de funcionários de escolas, unidades de saúde e outros serviços deixaram de receber benefícios, com exceção de médicos e dentistas. A renúncia provocou uma rebelião na cidade.

Porém, mesmo sem perspectiva de remuneração, a maioria continua trabalhando, sob a ameaça de não ser recontratada nos processos seletivos que a diretoria abriu neste mês.

Segundo o professor Oliveira e outros ex-funcionários, esse tipo de prática sempre foi comum na gestão Waguinho. “Fui absolvido cinco vezes e voltei cinco vezes. A mesma coisa todo ano, tirar documentos, antecedentes criminais. Ele sempre pagava quando queria e quanto queria”, conta.

O Ministério Público do RJ abriu inquérito para apurar as demissões em massa e recomendou ao prefeito nesta quarta-feira (25) a realização de concursos públicos para equilibrar a relação entre cargos comissionados e efetivos. Este desequilíbrio viola “os princípios da eficiência, moralidade e impessoalidade da administração pública”, diz.

Segundo levantamento do jornal Further, nos últimos dias, em sentido contrário, as autoridades municipais readmitiram por decreto cerca de 400 servidores, incluindo pessoas que teriam feito campanha para Daniela.

A autarquia procurada afirmou que todos aqueles que prestaram serviços até 31 de dezembro de 2022 têm vencimentos em dia, incluindo o 13º, e que “as moradas são realizadas de acordo com as necessidades de cada setor”.

Disse ainda que os readmitidos “são técnicos que estão diretamente envolvidos nos serviços core” e que “não têm rede social de gestão dos servidores”.

A diretoria não respondeu quantas pessoas foram demitidas em outubro, novembro e dezembro, nem explicou por que os demitidos continuam trabalhando sem remuneração.

A assessora do ministro, Daniela Carneiro, também procurada, disse que a Câmara Municipal de Belford Roxo deve responder aos questionamentos.

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