Crédito, Resgate marítimo da Espanha
A foto acima, que mostra três migrantes sentados ao leme de um navio após 11 dias de viagem, chocou o mundo.
Agora, dois dias depois de serem resgatados na costa das Ilhas Canárias, eles alcançaram seu objetivo: permanecer na Espanha, pelo menos por enquanto.
O petroleiro Alithini II, que eles viajavam em segredo, acabou recebendo autorização do governo espanhol para navegar sem eles, conforme apurou a BBC Information Mundo, o serviço de notícias em língua espanhola da BBC.
Inicialmente, a delegação do governo nas Ilhas Canárias havia dito que os três migrantes seriam levados de volta ao navio assim que se recuperassem.
“Há três nigerianos maiores de idade. Os três pediram asilo e um ainda está hospitalizado”, disse à BBC Information Mundo a subdelegação do governo em Las Palmas, na ilha de Gran Canaria.
“O navio pode seguir seu curso sem eles.”
A informação também foi confirmada à BBC Information Mundo pela ONG Cam-minando Fronteras, que exigiu que as autoridades espanholas impeçam o regresso dos três nigerianos clandestinos.
“O facto de terem passado por uma travessia tão arriscada deve ser considerado um indício para analisarmos individualmente a situação pessoal dos três náufragos”, afirmou a ONG, que tinha avisado que dois dos imigrantes tinham sido levados de volta ao navio na terça-feira. feira.
A ONG solicitou ainda que fossem alojados num dos centros de imigração “para que pudessem receber a ajuda necessária para a sua recuperação emocional e psicológica, dada a natureza dos acontecimentos e a perigosa travessia que poderia ter sido deadly”.
O que se sabe sobre sua jornada?
Ainda não se sabe exatamente como eles chegaram ao leme do petroleiro. O que se sabe é que os três nigerianos desembarcaram no porto de Lagos, na Nigéria, antes que o Alithini II, de bandeira maltesa, zarpasse em 17 de novembro.
A viagem até à ilha de Gran Canaria durou 11 dias sem paragens.
Na segunda-feira (28/11) eles foram resgatados pela Agência de Salvamento Marítimo, ligada ao Governo da Espanha, após chegarem ao porto de Las Palmas, e serem descobertos no fundo do navio.
O native onde foram encontrados é uma sala localizada na chamada pá do leme, do lado de fora do casco do navio, onde ficam a céu aberto e vulneráveis à violência do mar.
A fotografia que iria dar a volta ao mundo foi tirada pelo capitão do Salvamar Nunki [barco da guarda costeira], Orlando Ramos Alayón, que os salvou. É prática comum documentar resgates, conforme explicado pela Norwegian Maritime Rescue Company.
Crédito, Resgate marítimo da Espanha
“É regular. Se tivermos sucesso, vamos levar essas fotos para guardar como documentação”, explicou Orlando Ramos em nota oficial divulgada nesta quarta-feira.
“O verdadeiro trabalho, o que importa, é o segundo, salvar as três vidas, conseguir transferir as pessoas que chegam sem forças, debilitadas, com hipotermia. Fazer uma manobra que não coloque em risco a vida delas.”
Em que condições eles chegaram?
“Havia três homens ao sul do Saara com hipotermia e fraqueza. Dois dos resgatados foram transferidos para o Hospital Doutor Negrín, e o outro em estado pior para o Hospital Insular”, informou a agência de Resgate Marítimo à BBC Information Mundo.
E, segundo eles, o que acontecer com os três a partir de agora é “responsabilidade das forças e órgãos de segurança do Estado”.
“O Salvamento Marítimo tem competência para socorrer as pessoas e transportá-las para o porto. À chegada a terra, o sistema de saúde e as forças e organismos de segurança do Estado começam a tratar do assunto”, observaram.
Dois dos nigerianos receberam alta pouco tempo depois e até foram levados de volta ao navio – mas foram removidos novamente após solicitarem asilo.
Enquanto isso, o terceiro permanece no hospital, onde está sendo tratado por desidratação, embora sua vida não corra mais perigo, segundo as autoridades.
“É um native não qualificado para abrigar uma pessoa, com condições ambientais de mar aberto e risco de morrer por desidratação, por cair na água com golpe do mar, por hipotermia… risco máximo. E o compartimento poderia inundar. Na verdade, é muito possível que isso aconteça”, disse Sofía Hernández, chefe do Centro de Coordenação de Resgate Marítimo de Las Palmas, que liderou o resgate dessas três pessoas, em comunicado à agência de notícias EFE.
Crédito, Resgate marítimo da Espanha
A subdelegação do governo em Las Palmas, na ilha de Gran Canaria, informou que os três nigerianos pediram asilo na Espanha.
De acordo com a lei espanhola, emblem que os clandestinos manifestem a sua intenção de solicitar a entrada em território espanhol, têm direito a receber assistência jurídica gratuita e também a solicitar asilo.
“Não é o procedimento ordinary para chegar às ilhas”, explica a agência de resgate marítimo à BBC Information Mundo.
Até o momento, o órgão responsável pelo resgate registrou outros cinco casos semelhantes nos últimos anos.
Em janeiro de 2018, Salvamar Nunki resgatou quatro passageiros clandestinos do navio Inexperienced Sky que estavam escondidos na lâmina do leme.
Em outubro de 2020, quatro passageiros clandestinos foram encontrados na casa do leme do petroleiro norueguês Champion Pula, após viajar de Lagos para Las Palmas. No mesmo mês, Salvamar Nunki resgatou sete passageiros clandestinos do leme do navio Andrômeda.
Um mês depois dessa operação, em novembro, o mesmo barco resgatou um clandestino escondido na pá do leme. E emblem depois, também em novembro, encontrou outros quatro imigrantes escondidos no Ocean Princess I.
A ONG Ca-minando Fronteras aponta que a “Rota das Canárias”, como é conhecida, é a que mais vítimas provoca.
Nos primeiros seis meses de 2022, a ONG registrou 800 mortes nessa rota. E em 2021, de acordo com a Organização Internacional para Migração (OIM) da ONU, 1.532 pessoas perderam a vida na estrada.